VIDA

 

                Amiga senta ai que já vai começar a vida como ela é,  pouco me lembra do começo de tudo, por minha lembrança que tenho guardado é a partir dos meus três anos, mais ou menos e muito pouco, minha mãe sem alternativa tendo que trabalhar para sustentar a nossa família eu ela e meu pai, um alcoólatra, violento trabalhava mas  o pouco que ganhava era para sua cachaça e ainda tomava dela para beber,  para não me faltar nada ela trabalhava demais e sem ter onde me deixar, trancava o portão e me deixava em casa sozinha ,deixava a TV ligada a comida em cima da mesa que por muitas vezes eu ali defecava pois não tinha muita noção do certo e errado, mas assim fiquei até poder entrar em uma escolinha, ter a idade certa e não conseguia arrumar alguém para ficar comigo, uma até ficou por um tempo ,mas não aguentou ver tanta violência,  me recordo eu ainda muita pequenina  ficava todos os dias esperando ela chegar do trabalho a tardinha as vezes uma chuva eu toda molhada escutava a vizinha gritar, Márcia vai pra dentro ,você vai ficar doente! Eu com frio as vezes e tremendo, toda molhada ,olhava para cima na janela do sobrado de onde vinha a voz, ela  que era meio o meu anjo da guarda, e respondia,  Tô esperando a minha mãe, era sagrado para mim espera-la, as vezes ficava horas ali pois não sabia a hora e as vezes ainda ia demorar, eu não arredava o pé até ela chegar, era um portão de madeira me agarrava de um lado e do outro colocava a cabecinha entre as frestas e lá ficava, até escutar minha mãe dizer  filhinha e ela ainda me chama assim até hoje eu com 63 anos, mãe é mãe kkkk, era minha imensa alegria, todos os dias ela me trazia uma maçã enorme vermelhinha que mal cabia nas minhas pequenas mãozinhas eu era de certa forma a companheira dela de tristezas, a única hora de alegria máxima era aquela, para nós duas com certeza, ver minha mãezinha chegar e com uma linda maçã, as mais lindas que vi na vida, eram enormes e de um vermelho do mais lindo ,talvez eram tão enormes, porque minha mão e a mão de minha mãe não eram tão grandes, mas representava,, nunca mais comi maçãs tão lindas saborosas e perfumadas como aquelas, e a poucos anos atrás escutei minha mãe dizer com os olhos marejados de lágrima, que tinha uma vontade de dar uma mordida naquela maça mais não tinha coragem de tirar de mim nem um pedacinho se quer, e não comprava para ela para me dar outras coisas, não me faltava nada, ela não deixava, eu tinha a melhor casa, roupa, sapato, brinquedos no Natal as amiguinhas vinham todas para ver o que eu tinha ganhado, porque eram os mais modernos e lindos e vinha a filha da vizinha anjo da guarda,

 que  as vezes fazia uma sopa quentinha que sinto o cheiro agora escrevendo e minha boca se enche d'agua ao lembrar, aquele cheiro de sopa de mandioquinha, fazia com todo o carinho para os filhos dela eu  as vezes ia brincar com a filha dela e almoçava lá,   elas gostavam de brincar comigo para brincar com os meus brinquedos, ai minha mãe conseguiu me colocar numa escolinha tudo melhorou, me deixava lá de manhã e ia me pegar a noite era tempo integral, ela pelo menos ficava mais tranquila, tinha cuidado e alimentação na hora certa, mas as lembranças que tenho são muito triste e poucas, do que passávamos em casa, talvez você também tenha passado por isso, mas tudo passa e a memoria resolve, que lembro de pouco para que talvez não sofra tanto, ,mas as brigas continuavam em casa meu pai cada ano ficava mais violento, batia muito nela quantas vezes vi minha mãe com o olho inchado e roxo e tendo que inventar mentiras para vizinhos e no trabalho, pois tinha vergonha de apanhar, não temos que ter vergonha denuncie grite peça socorro isso não é o normal, não se cale, quem bate uma vez bate sempre e depois finge arrependimento e depois tudo acontece de novo e de novo, saia dessa.

De manhã, mamãe levantava muito cedo, quando conseguia dormir, pois ficava preocupada com o que ele pudesse fazer comigo se ela dormisse e as vezes ele ficava a noite toda brigando ,porque dormia o dia todo, tinha disposição, preparava o meu almoço e o jantar, que naquela época as crianças levavam marmita para o parquinho, para almoçar e a comida tinha que ser fresquinha para não estragar e ela se preocupava comigo nos mínimos detalhes, eu vivia sempre muito bem arrumada, sempre muito limpinha e tudo do melhor, ela sempre foi costureira, fez curso de modelista e estilista ,toda sexta feira ela me trazia uma roupa nova, ou um sapato ,nunca chegava de mãos vazias ela trabalhava muito  para isso, nossa casa tinha os melhores móveis da época num bom lugar, uma casa simples mas muito bem equipada,  no Natal eu tinha os mais modernos e lindos presentes de toda a vizinhança, no dia seguinte as meninas vizinhas vinham ver meus presentes e os brinquedos eram muito caros só existia os da Estrela na época ou os de plástico muito inferiores e eu tinha os melhores a beijoca, a amiguinha que era uma boneca maior que eu,  para comer eu tinha uma conta aberta na venda do lado de casa e podia pegar tudo o que eu queria, sem nenhuma restrição, brincava de escolinha com as crianças da vizinhança e na hora do recreio eu comprava Q suco e mandiopã para dar de lanche, pipoca, e depois de maior eu tinha uma conta no bazar vinha a lista de materiais da escola eu que ia comprar muita ostentação eu era a primeira a ter ,lápis de cor  36, canetinha Silvapen  36 cores, na época era ostentação, estojos e etc.... Com isso também vivia cada dia mais sozinha, porque isso mexia com a inveja das amigas, das primas que eram 2 porque elas sempre recebiam as roupas que não me serviam mais ,sapato e brinquedos porque eu tinha demais e eu vim descobrir aa poucos anos atrás que elas me falaram e eu sempre tive muita sorte de ter o melhor economicamente e elas sempre viveram em uma vida com muitas faltas, infelizmente existe e a ira delas me atacavam com a situação do meu pai que vivia bêbado nos bares e jogavam isso para me ferir, na igreja que deixei de frequentar ,porque um dia escutei a filha daquele bêbado, o clube da cidade onde minha mãe tinha dinheiro para pagar mas não nos aceitavam como sócios, porque meu pai era um alcoólatra, minha mãe sempre tentou dar o melhor para suprir a realidade que vivíamos em casa, não pensem que isto hoje me afeta, muito pelo contrario me fortalece, minha mãe me ensinou que nunca devemos nos acomodar e sempre lutar pelo melhor, naquela época era muito difícil, mas na realidade eu não tinha noção de tudo só era ruim as agressões mas só me fez crescer e saber o que não posso fazer com o próximo, e assim foi minha infância até meus 12 anos ai as coisas começaram a mudar, Minha mãe se separou e outra história começou na minha vida, que a primeira parte esta, https://vidagmailcom.blogspot.com/2023/05/uma-tragedia-nos-uniu-para-sempre.html e assim devagar você vai conhecendo uma vida de superação e que pode ser a sua também para você ver que podemos fazer nossa história, e que não importa o que pode ter acontecido você faz seu caminho e um caminho lindo.